Quando eu ouço o som de um berrante repicar
Eu lembro do meu passado e sinto vontade de chorar
Que eu já fui um boiadeiro porém muito respeitado
Tinha crédito com os fazendeiro pra compra qualquer quantidade de gado
Tinha um burro tordilho o seu nome era penacho um arreio guiricema
Na garupa amarrava um laço,uma capa gaúcha pra defender do frio e da chuva
Um chapéu de aba larga e um trinta e oito na cintura
Viajava fora de hora,madrugada muito escura
Só o que me alegrava era o ouvir o barulho das ferradura
Mas nessa lida de gado encontrei uma linda propriedade
Onde a casa fica por baixo da estrada eu parei o meu burro e pedi um copo D água
Mandaram que eu apiasse e levou o meu burro pra baia
Eu entrei pra dentro da casa tomei café com torrada
De repente eu vi uma linda moça na sala sua mãe trouxe pra me apresentar
Eu achei que era uma estrela que tinha caído do céu numa noite bonita de luar
Ou uma linda sereia que tinha saído do mar
Não demorou muito tempo essa moça comecei a namorar
Mas tinha compromisso, precisava trabalhar levei um gado pra invernada e fiquei Sessenta dias por lá
Mas teve uma madrugada senti vontade de regressar meu burro corria em volta da casa
E começava a urrar e um gavião cova cantava num galho do jequitibá
Eu logo imaginei que as coisas não iam bem praqueles lados de lá
Arriei o meu burro e comecei a cavalgar andei dia e noite,tinha pressa pra chegar
Quando começou a aproximar, vi muita coisa diferente
Só achei a casa naquele mesmo lugar parei no terreiro, ouvi um canto triste de um sabiá
Chamei pelo nome do meu futuro sogro quem me atendeu foi um preto velho
E o seu nome Talifá
Ele me abraçou e começou a chorar disse que tinha uma notícia muito triste para me dar
Que o pessoal foi vítima da malária a última pessoa que morreu foi a moça com quem
Eu iria casar
Ele pegou os corpo, enterrou todos debaixo de um pé de maracá
Ali eu mandei fazer uma capela praquela comunidade rezar
Peguei o retrato da família e coloquei lá no altar pertinho de Nossa Senhora, a padroeira do lugar
Soltei meu burro pro pasto,parei de viajar mas um dia na minha casa, eu comecei a Pensar lembrei do preto velho e voltei pra visitar
Achei ele cansadinho, com dificuldade de caminhar levei pra minha casa e comecei dele A cuidar viveu mais certo tempo, mas quando morreu,enterrei naquele mesmo lugar
Pedi a Deus e Nossa Senhora que o nosso próximo encontro será no reino da glória
E as minhas tralhas fica hoje guardadas na minha memória
Meu burro penacho,o arreio guiricema eo laço e junto o meu par de esporas